A “Rubrica Cultural” surgiu no âmbito da semana da Des`Cultura 2020 e com a perspetiva de se prolongar no futuro. Com o intuito de partilhar cultura através das experiências e gostos da comunidade estudantil, lançamos-te o desafio de fazeres parte desta rubrica.
Fica atento às redes sociais da tua AE-ESTeSC, pois nas próximas semanas serão lançadas novas temáticas sobre as quais poderás escrever de um modo geral ou mais específico. Podes também ser tu a sugerir a tua própria temática!
As rubricas irão ser partilhadas periodicamente nas redes sociais da AE-ESTeSC e também aqui, no site oficial após acreditação da mesma por parte da AE-ESTeSC.
Queres começar a ver uma série nova mas não sabes qual? Talvez queiras conhecer um livro que seria um bom investimento para uma próxima leitura…..ou até alargar as fronteiras daquele que é o teu estilo musical. Pois é, o objetivo é criar uma rede de partilha de cultura, onde podemos alargar horizontes, assim como ajudar a fazê-lo. E como aquilo de que gostamos é o que nos motiva e dá inspiração, começa a escrever sobre as tuas preferências e envia para a tua AE!
AE-ESTeSC por ti, para ti!
Rubrica cultural 5 – O impacto da doença na vida em sociedade
É de manhã e abro o canto do olho direito, ainda recuperando a consciência. Conforme vou acordando e recuperando os sentidos e a percepção do próprio corpo, começo a sentir as dores. As habituais dores, as que nunca me deixam. Penso para mim que, pelo menos, desta vez não me acordaram durante a noite. Fico mais um pouco na cama a mentalizar-me para mais um dia em que me esforçarei dez vezes mais do que toda a gente e mesmo assim, não será suficiente.
Começo a mentalizar-me para ter de suportar estas dores por mais um dia, lutando para que consiga chegar ao fim do dia sem ceder às próprias dores e ao próprio corpo, sem desistir, e sem voltar para casa para descansar enquanto me massacro por não ter conseguido chegar ao fim do dia. Penso, novamente, para mim mesma que, pelo menos, não estou num daqueles dias em que as dores são tantas que não consigo levantar-me nem sair da cama. Por isso, levanto-me e começo a despachar-me. O dia já começou, já tomei a medicação da manhã e mesmo assim ainda sinto o efeito dos sedativos, antipsicóticos e relaxantes musculares de ontem à noite.
O meu cérebro só processa tudo o que acontece passados uns segundos de acontecer, o corpo falha-me, como se não tivesse poder sobre ele e o chão tem tendência a escapar-me, mesmo que não esteja tonta. Ainda assim, confio na rotina habitual e deixo que o meu corpo seja teimoso, porque não preciso de o ter a 100% quando confio no caminho que sigo. Ainda de manhã e ainda sob efeito da medicação psicotrópica, começa a mesma missa de sempre: a exigência para agir como se não tivesse qualquer problema de saúde. Muitos deles, não porque não sabem, mas porque não compreendem. “Tens 21 anos, imagina quando chegares à minha idade!”. “Então, mas não tomaste a medicação?”. “Ainda estás assim? Já não tinhas melhorado?”.
Estamos a meio da manhã e conforme a medicação de ontem à noite vai esgotando o seu efeito, lentamente, e vou começando a sentir o meu próprio corpo como meu, sem traições, e o meu tempo de reação vai começando a tornar-se mais curto. Finalmente! Começa a ser mais fácil agir como é suposto qualquer jovem de 21 anos agir. Respiro fundo. É a partir daqui que me esforço a 500% para tudo, porque as dores não deixam de existir, o meu cérebro e corpo continuam com as dificuldades de alguém que está doente, mas apesar de tudo, o mundo não me permite que não me comporte como todos os jovens de 21 anos.
No fim da manhã, já me sinto esgotada e cheia de dores, provavelmente por me ter esforçado demasiado quando sei perfeitamente que o meu corpo não me deixa fazê-lo. Ainda assim, consegui fazer apenas aquilo que era suposto fazer, nada de extraordinário ou a mais, mesmo que me tenha esforçado 10x mais do que seria suposto. De tarde, o meu corpo já não aguenta e, mesmo assim, certifico-me que hoje não desisto e que não preciso de ir para casa recuperar. Irei aguentar-me até ao fim do dia. Para andar, tenho de coxear, a minha cabeça está com tantas dores que não consigo processar a informação que chega até mim, o meu tornozelo parece dois, custa-me manter o pescoço direito e tenho o joelho completamente exausto. O almoço ainda está a causar-me dores de estômago e a prisão de ventre está a deixar-me sufocada. Ainda assim, aguento-me e não desisto, porque a sociedade não permite que tenha uma vida social e profissional se for todos os dias mais cedo para casa recuperar, e a mal ou a bem, hoje até não é dos piores dias… Ainda assim, tenho de conseguir pôr um sorriso no rosto, porque a sociedade não admite nada menos do que isso. No fim da tarde, o pensamento de que o dia está quase a terminar faz-me aguentar até casa.
Chego a casa e estendo-me na cama. Não tenho sono, mas este é o meu portoseguro depois de um dia a lutar por mim mesma e sem conseguir que os meus feitos correspondam ao meu esforço. Por isso, deixo que o meu corpo e a minha cabeça descansem, sem adormecer. Devia estar a estudar ou a fazer algo produtivo, mas não consigo. Já não. Depois de deixar de aguentar todas as dores, todas as tonturas, todos os raciocínios lentos, tudo, não consigo voltar a esforçar-me como se de 10 pessoas numa só me tratasse. Por isso descanso, enquanto me massacro, porque devia de estar a ser produtiva, e assim não vou longe. No meu tempo livre não tenho paciência ou energia para socializar ou manter uma vida social ativa.
A energia que gasto em tudo o resto deixa-me esgotada e isso acaba por ficar de fora. Talvez seja por isso que esteja sempre fisicamente sozinha e talvez seja por isso que me sinto sozinha. É difícil ter de ser forte por mim, todos os dias, e não ter alguém com quem possa desabafar ou descontrair. Sou eu por mim mesma. É difícil, mas também não tenho energia ou paciência para tentar que não seja assim. Na hora do jantar, tento ter apetite e mesmo não tendo, faço uma qualquer coisa rápida e janto. Volto para a cama e lá fico eu, a não ser produtiva e a sentir-me mal por isso. Quem diz que o mundo é de todos, engana-se, porque o mundo é só para as pessoas normais, para os comuns
Quem diz que fazemos o que queremos da nossa vida, engana-se, porque apenas podemos fazer aquilo que o nosso corpo e a nossa condição nos permite, ainda que todos os outros à nossa volta não nos compreendam e pensem simplesmente que somos inúteis e burros, que não fazemos as coisas porque não queremos. Na hora da medicação, tomo-a e deixo-me ficar na cama, a ver uma série e a deprimir mais um pouco, enquanto me preparo mentalmente para o dia de amanhã, que se tiver sorte, irá ser mais ou menos parecido a este e não um pior. Depois, tento adormecer, mesmo que seja difícil. Pode ser que consiga dormir de seguida, sem acordar 15x durante a noite, se tiver sorte. Não durmo, mas a medicação já começa a fazer efeito e o meu corpo começa a não me responder, enquanto perco a noção das ações que faço. Não sei se fui à casa de banho há 2 minutos atrás, não consigo perceber se é algo que aconteceu mesmo ou se é só uma lembrança que está a surgir de repente.
Não sei se liguei o despertador, a minha capacidade de memória já está completamente afetada pela medicação e, por isso, verifico o alarme. Passado pouco tempo volto a fazê-lo, porque volto a não me lembrar. É cómico para quem não vive esta realidade, mas é frustante para quem a vive. O mundo e a vida não são feitos para quem tem limitações físicas e/ou psicológicas. O mundo não é feito para as minorias. A sociedade não entende nem compreende.
Tudo o que podemos fazer é ser fortes, todos os dias, e mentalizar o nosso psicológico para falhar, mesmo que estejamos a dar tudo para ter sucesso, porque, muitas vezes, a equidade só existe no papel e onde as unicórnios correm livremente em montes de algodão.
Rubrica cultural 1 – Até quando?
38 milhões de habitantes no país que viu o seu nada reduzido a sangue, opressão e regressão. 13 milhões de habitantes precisam de auxílio imediato.
400 a 500 foi o número de afegãos que a União Europeia assegurou aceitar nas suas fronteiras, logo após a tragédia que deu origem ao pesadelo a que uma nação é sujeita. 400 a 500 afegãos. 500 de tantos milhões. Tantas são as pessoas inocentes que vêm agora o seu direito de viver reduzido a armas e medo.
O mundo ocidental provou agora ser feito de promessas vazias, de pessoas que defendem os seus princípios apenas quando lhes é conveniente. Os direitos humanos são só direitos para alguns, para os que podem, para os que têm.
Até quando? Até quando fecharemos os olhos para aquilo que não é nosso, para aquilo que arrepia a espinha e que “prefiro não falar, para desgraças está o mundo cheio”? Até quando vamos ser prostitutos da vida que vendem os seus princípios por dinheiro ou interesses? Eu sei, mas espero estar enganada. Sei que vamos ser hipócritas ordinários até ser o sangue dos nossos a escorrer pelo chão, até ser a nossa sociedade a perder tudo aquilo que conquistou, até a dor estar gravada em cicatrizes da nossa pele que não nos deixam esquecer uma guerra que não escolhemos, até as nossas mães terem de entregar os filhos a mães desconhecidas apenas pela réstia de esperança de um dia conseguirem fugir. Até aí, seremos uns hipócritas privilegiados, mas espero estar enganada. Quero estar enganada, quero fazer por isso.
Não te cales, não pares de falar daquilo que custa ouvir, mesmo que te calem. Fala. Berra quando for necessário. Não pares até que a mudança te orgulhe.
Acede a www.afeghanaid.com, https://www.afghanaid.org.uk/news/conflict-in-afghanistan, help.rescue.org/donate/afghanistan, ou qualquer outra ONG reconhecida como confiável e eficaz, informa te e descobre formas para ajudar esta causa.
Catarina Romba
Rubrica cultural 2 – Individualidade
Atualmente, a sociedade na qual vivemos está fortemente marcada por acentuadas modificações. Dessas, consigo salientar o avanço das novas tecnologias, das quais somos tão adictos, e a rapidez da informação na nossa forma de comunicar. Falando em bom português, podemos dizer que “uma coisa leva à outra” e que ambas alteraram o nosso modo de pensar e de viver, não só enquanto pessoas como em sociedade.
Ao longo dos anos, foi possível verificar que com a evolução da tecnologia tudo nos pareceu mais perto em termos de acesso, mas ao mesmo tempo mais longe. Temos a capacidade de aceder às notícias do Mundo através do pequeno ecrã e muitas vezes esquecemo-nos do quão real é o que está a acontecer. É nesse momento que acordamos e chegamos à conclusão de que não somos uns meros espectadores e que nada disto é um programa televisivo, surgindo a vontade de agir.
É característico do ser humano a extrema necessidade de querer mudar o Mundo. Sentimos a necessidade de agir por uma causa maior, muitas vezes maior do que nós, e fechamos os olhos a tudo o que nos rodeia. Posso mesmo dizer que perdemos o Olhar Crítico sobre Nós. Às vezes, basta-nos olhar para a janela do lado para perceber que nem tudo está bem. Falta-nos a capacidade de olhar para o que nos é mais próximo, em vez de querer alcançar o mais longínquo. Perdemos a aptidão de ajudar o próximo com a vontade de querer chegar ao último. Desvalorizamos a sensação do toque de quem nos quer bem, com a ambição de querermos sempre mais e mais.
Com a vontade de querer alcançar o Mundo, tornámo-nos cada vez mais individualistas, o que me faz pensar que talvez, seja melhor começar por Mundos mais pequenos, há tantos em cada um de nós.
Rubrica cultural 3 – Preconceito
“Ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial”. Esta é a definição de preconceito, algo que é baseado na ignorância ou em estereótipos.
Este problema já vem desde os primórdios em que as classes mais altas (nobreza) se achavam superiores às classes mais pobres, não aceitando relações com as mesmas.
Mas este não ficou no passado.
Por vezes, quando vamos a caminhar na rua, a cada passo que damos ou a cada pessoa que vemos pensamos no ato de julgar alguém. Pensamos se aquela pessoa está a sofrer preconceito de alguma maneira, e quando temos a confirmação sentimos mágoa. Ou não. Muitas vezes somos tão indiferentes que nem pensamos em tal coisa, que nem nos importamos, que não queremos saber.
Mas porque será que em pleno século XXI, esta ainda é uma palavra tão presente no nosso dia a dia. Será por sermos tão ignorantes que não percebemos o errado que é ou será por o ser humano ser tão egoísta e não se importar com os outros?
O preconceito pode surgir por uma sociedade que se julga superior apenas pelas suas maiores posses ou simplesmente pela Ignorância. Quando admitimos que um conceito é verdade absoluta sem fundamentos ou factos, tudo o que for diferente vai ser alvo de preconceito.
Respeito. É a palavra-chave para terminarmos com o preconceito. Se houver respeito mútuo por tudo aquilo que nos rodeia, seja diferente ou não, este termo poderá ser algo do passado.
Beatriz Vaz
A pandemia da Covid-19 revolucionou o mundo e afetou-nos a todos enquanto sociedade, mas hoje falo-vos um pouco do impacto que ela teve em nós, estudantes do ensino superior.
Adaptarmo-nos a uma nova realidade não foi fácil, tendo em conta que nos foi tirada a liberdade e a oportunidade de viver aqueles que, de uma forma muito cliché, “são os melhores anos da nossa vida”. Refiro-me a todos os estudantes, todavia dando especial atenção aos caloiros visto que, na verdade, ainda não viveram nem sentiram a magia de Coimbra, não puderam integrar-se e serem integrados como mereciam, e aos finalistas que se despedem desta cidade com um vazio e com o sentimento de que este ciclo ficou “por fechar”.
Esta pandemia foi arrebatadora a todos os níveis, privou-nos do toque, da liberdade, do convívio, levou consigo pessoas que nos eram tão próximas e obrigou-nos a ver os nossos sonhos adiados.
O ensino em formato online é muito desgastante, quer a nível físico, visto que passamos horas em frente a um ecrã, quer a nível psicológico e rouba-nos muito daquilo que é a interação entre professor/aluno. É fazer o dobro do esforço para aumentar a nossa concentração e para mantermos uma rotina que seja saudável e que nos permita um bom desempenho. Para além disto, infelizmente, ainda há muitos alunos que não têm acesso a internet ou a aparelhos eletrónicos que permitam a visualização e a comparência nas aulas online ou então não têm espaço ou condições em casa que lhes permita fazê-lo. Com tudo isto, o risco de abandono escolar aumentou imenso.
Fica a esperança de que o próximo ano letivo encha novamente as ruas de capas e batinas e nos devolva a alegria de viver o espírito de Coimbra!
Beatriz Sousa
Qualquer estratégia de promoção da saúde deveria ter como sustento a necessidade de nivelar por cima. É voz comum que o “nosso Serviço Nacional de Saúde é o melhor do mundo”. Esta frase tem sido ultimamente muito discursada pelo contexto da pandemia, algumas vezes por orgulho na resposta dada pelos profissionais de saúde e outra vezes por aproveitamento político, como quem tenta diminuir a exigência e contentar o cidadão.
Para falar sobre Saúde ou Políticas na Saúde em Portugal, temos obrigatoriamente, de falar da dicotomia entre Serviço Publico Saúde vs Serviço Privado de Saúde. Um assunto que passa muitas vezes despercebido ao cidadão, conformado com listas de espera que o coloca a 6 meses de uma consulta ou a 1 ano de uma cirurgia. Nessa espera demorada, ainda consideram por breves momentos, pesar na balança o acesso em tempo mais útil e o custo associado ao serviço.
Porém, na discussão sobre o tema Serviço Nacional de Saúde VS Serviço Privado de Saúde não se discute só e apenas qual é o melhor ou qual pratica o preço mais acessível. De facto, discute-se de tudo um pouco, desde ideologias políticas, decisões governamentais e o papel do Estado no Sistema de Saúde, esquecendo muitas vezes o interesse do utente.
Utilizado como arma de arremesso político por parte de alguns partidos, o Serviço Nacional de Saúde tem sido baluarte ideológico daqueles que defendem um Estado mais alongado, sempre com a premissa de que, são os benfeitores do SNS e que por tal defendem uma Saúde de acesso igualitário para todos.
Ora, esta posição meramente ideológica tem sido por si um dos principais contributos para a degradação da saúde do cidadão e do próprio SNS, a par de um desinvestimento nos últimos anos, tendo o seu quadro geral sido agravado pela pandemia. Deveras sabemos que as consultas e rastreios adiados, as cirurgias não urgentes canceladas e as filas de espera para cuidados continuados não são só fruto de uma casualidade pandémica, mas de uma pandemia persistente instalada ao longo dos anos. Afinal de contas não estaríamos antes da pandemia com filas de espera para cuidados de saúde, que demoravam largos meses ou até mesmo anos a serem prestados, com a lástima de muitos nem terem tido resposta atempada?
O combate a esta precariedade na prestação de cuidados de saúde, passaria em boa parte por um travão ideológico e um apelo ao bom senso. A curto prazo para colmatar as listas de espera no SNS caberia ao Estado redirecionar estes Cidadãos para os Serviços Privados de Saúde, fazendo-se cumprir o acesso ao cuidado de saúde. Afinal de contas o utente deveria ser o epicentro na prestação dos cuidados e não os interesses politico-ideológicos que impede que os cuidados sejam concedidos por terceiros.
A longo prazo a integração dos Serviços Privados de Saúde na rede nacional de prestação de cuidados como uma opção de escolha para os utentes, contrariando a tendência atual de que só os que tem bons rendimentos e/ou seguros de saúde os podem usufruir, onde tal contribui para o aumento das desigualdades sociais. Certamente não queremos viver num país onde só quem tem elevados rendimentos pode ter acesso a cuidados de saúde de qualidade.
Um acesso livre ao Serviço de Saúde como um todo, apoiado pelo Estado seja pelo formato ADSE seja por outro modelo equitativo que garanta a opção de escolha do Cidadão, não traz só benefícios para o utente-doente que poderá ter as suas consultas e tratamentos a tempo e horas, mas como também, estimula a competitividade e crescimento do mercado, contribuindo para um aumento indireto da qualidade dos serviços de saúde incluindo a do SNS. Este modelo daria lugar a uma boa gestão dos dinheiros públicos, e garantia a obrigatoriedade da meritocracia, fazendo-se cumprir pela vontade do Cidadão optar pelo SNS por ser de excelência e qualidade, e não apenas por ser a alternativa gratuita ou mais barata.
Na discussão SNS Vs Serviços privados de Saúde não ganha o melhor, e não pode nunca ganhar as vontades Politico-ideológicas que polarização a discussão e que puxão para os estremos. Ganha antes a cooperação mútua, o Cidadão que opta pelo serviço que quer, porque terá oportunidade para tal, e não fica prezo Ad aeternum a um sistema que peca pela falta de resposta. É ainda de reconhecer a importância temporal do SNS na construção da nossa sociedade, todavia com o crescimento na iniciativa privada, todos nós temos a ganhar com a cooperação e com a liberdade de escolha.
Rúben Marcelo Simão Nunes Nunes
Inspirando-se no livro de Margaret Atwood, a série “The handmaid’s Tale” (ou “O conto da aia” em portugês) conta-nos a história de uma nova América fundada pelo extremismo e pelo radicalismo.
Num futuro próximo, o mundo é afetado pelo decaimento brutal das taxas de natalidade, devido à poluição ambiental e devido às doenças sexualmente transmissíveis. Nesta realidade, a América deixou-se adormecer sob a ameaça de líderes políticos extremistas que levaram à instalação um regime hierárquico, militarizado, extremamente religioso e fanático, no qual as mulheres são brutalmente subjugadas segundo uma interpretação extremista da Bíblia. Neste regime, a infertilidade mundial levou à escravidão das poucas mulheres ainda férteis e é assim que nos chega o relato pessoal de June Osborn, vítima dessa mesma escravidão, o qual serve como base para o relato desta história.
Abordando questões como a sexualidade, a luta pela igualdade de géneros, a violência, a importância da identidade individual e muitas outras, esta série torna-se extremamente necessária e importante, sendo crucial ver esta série com os olhos na realidade do mundo atual, não esquecendo que a primeira temporada surgiu numa época política americana atribulada (2017), na qual foi essencial um “acordar” para o impacto e as consequências do preconceito na sociedade.